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sexta-feira, 12 de março de 2010

Refugiados X Cáritas e Acnur


A vida dos refugiados no Brasil não é só alegria por voltarem a ter um lar de verdade, longe dos bombardeios e perseguição política e racial.Alguns refugiados, mesmo chegando a quase dois anos de residência brasileira, não conseguiram se adaptar e inclusive alegam falta de assistência da Cáritas e do Alto Comissariado das Nações Unidas, responsável pelo Programa de Reassentamento.

O Acnur repassa uma verba para que a Cáritas possa administrar educação, moradia, alimentação e assistência médica para os refugiados.Muitos ainda não falam o idioma porque não puderam freqüentar as aulas, pois precisavam trabalhar para complementar a ajuda financeira cedida pelo Programa. Inclusive a falta de emprego é uma das reclamações. Segundo alguns refugiados, foram prometidos empregos assim que chegassem ao Brasil. O que não foi cumprido, pois muitos deles continuam desempregados.

Issam Ali é um exemplo disso. Ele é solteiro e está no momento sem trabalho. Prestes a se casar, teme o futuro após o fim do Programa. Para a cultura muçulmana, a futura esposa só precisa ir para o novo lar com a roupa do corpo e o marido é o principal responsável por trazer o dinheiro para dentro de casa. Sendo assim, para ele, além de ser uma necessidade, é uma condição cultural. “Eu também preciso de ajuda porque eu fiquei aqui sozinho, não tenho família”, diz Issam.

Hossam Khalil, de 37 anos, já vive um dilema diferente. Sofre com a incerteza de saber como está seu filho Aeihm, de 9 anos, que mora na Faixa de Gaza. Desde sua vinda para o Brasil, ele cobra uma resposta do Acnur para o pedido de transferência do menino para cá. Ele diz que o órgão está estudando a proposta, mas nunca dá uma resposta definitiva mesmo depois de quase dois anos. Acusa os responsáveis da Cáritas e Acnur de negligência e desrespeito aos refugiados.

“Quero que Javier [Javier Cifuentes, representante do Acnur no Brasil] veja que meu filho está morrendo em sua frente e ele está olhando, mas não faz nada por mim. Quero que ele sinta o que estou sentindo para ver o que passo”, relata Hossam com indignação.Ele não fala bem o português e diz não conseguir se adaptar completamente, porque não esquece a ausência do filho.

Em resposta, o ACNUR, por meio de seu oficial de informação Luiz Fernando Godinho diz que o caso em questão está sendo estudado desde a sua solicitação. Além do escritório no Brasil, estão envolvidos outras sedes do ACNUR em países árabes e também o Ministério das Relações Exteriores do Brasil para solução do caso.

Em uma situação mais tensa se encontram cerca de 20 refugiados que desde maio de 2008 estavam acampados em frente ao escritório do ACNUR, em Brasília. O grupo reivindicava respeito e atendimento médico adequado custeado pelo órgão para poder sair do Brasil.

Já o ACNUR nega que houve descaso e diz que o processo de adaptação é lento e difícil, mas que, até o final do programa, todos os refugiados estarão integrados e que os problemas de atendimento na rede pública de saúde ou educação são decorrentes da própria situação do País, e não do órgão da ONU ou de seus parceiros.

Segundo Ahmad Uzgani, representante da Frente Independente de Autonomia aos Refugiados, muita gente pensa sobre o acampamento em Brasília como algo que não deveria estar ocorrendo, é uma expressão de ingratidão com o povo que os acolheu, porém só eles mesmos entendem a reinvidicação por estarem sofrendo.Ele listou alguns problemas ocorridos: pessoas idosas e com doenças pré-existentes não foram levadas à um check-up, o auxílio subsistência era menor do que o valor do salário mínimo vigente, não houve encaminhamento para possíveis empregos daqueles que podiam trabalhar.

O gestor do programa de refugiados das Cáritas, Antenor Rovida, diz nunca ter faltado assistência médica aos refugiados e que as consultas eram marcadas, porém eles não apareciam. Diz ainda esta ser a primeira vez que eles estão tendo problema no programa e que a intenção não é fazer caridade e sim dar condições iniciais para eles poderem caminhar sozinhos.

Em maio, por uma determinação judicial, o grupo de acampados teve que ser retirado do local e hoje esta vivendo em casas de amigos ainda em Brasilia, esperando uma reunião com o Itamaraty, embaixada da Palestina e ACNUR.

Segundo a psicóloga Carmen Santana, especialista em migrações e refugio, os imigrantes encontram uma série de dificuldades após a chegada em uma nova sociedade como problemas com o idioma, diferenças culturais e econômicas.

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