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terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Editorial Revista Perspectiva Oriente Médio


Olá,

Estive pensando em uma forma de passar a você leitor as experiências que a equipe do Perspectiva tiveram enquanto produziam esta linda revista, confesso que foi muito difícil mas talvez este tenha sido o motivo que deu mais ânimo a nossos repórteres: o desafio. Passamos dias e noites em centros culturais árabes ou judaicos, em exposições, cursos, mesquitas, sarais, escolas de dança, lojas, mercados, assistindo filmes e indo a restaurantes para apresentar à você um pouco da cultura dos 17 países do Oriente Médio.

Durante esta edição o que mais marcou para nós foi conhecer a história de nossos "irmãos" palestinos, ver de perto uma realidade que parece tão distante mas que na verdade é muito mais próxima do que imaginamos. Ouvir o drama de famílias que perderam seus entes queridos, que viveram anos em condições precárias no meio do deserto e saber que hoje eles tem a oportunidade de começar uma nova vida aqui no Brasil. Saber das dificuldades encontradas na adaptação, das promessas não cumpridas e que este sonho talvez não acabe igual para todos foi o que tirou o sono de muitos de nós, aprendemos coisas que com nenhum livro teriamos conseguido.

A todos que fizeram desta revista um sonho possível, fica um muito obrigado, e para você leitor desejamos uma boa viagem ao Oriente Médio através destas páginas.

Luma Jatobá
Editora

Abertura Programa Perspectiva Oriente

Arte como crítica social


A equipe do Perspectiva Oriente entrevistou Carlos Latuff, cartunista brasileiro, reconhecido mundialmente por suas charges carregadas de crítica social. Tanta polêmica e criatividade trouxeram ao artista alguns inimigos: já foi preso para averiguação após representar em seus desenhos a violência e corrupção policial, já foi supervisionado pelo Pentágono e ameaçado virtualmente pelo partido israelense Likud.
A causa Palestina sempre está presente em seus trabalhos. Aliás, a ilustração de nossa capa foi gentilmente cedida por ele.
Ativista artístico, anticapitalista, trabalha na imprensa sindical e não dá bola para a grande imprensa.

Por: Juliane Almeida

Perspectiva- Latuff, quando você começou a desenhar e quando percebeu que seria essa sua profissão?
Latuff- Desde criança. Mas meus pais nunca acreditaram que eu pudesse viver do meu trabalho, já que pra ser artista é preciso QI (Quem Indica) e a gente não tinha parentes ou amigos influentes. Mas acabou rolando, por uma conjunção de fatores, basicamente sorte e esforço pessoal. Quem abriu as portas pra mim foi a imprensa sindical, para qual trabalho até hoje com muito orgulho.

Perspectiva- A crítica social sempre esteve presente em seus trabalhos? Por que escolheu esta vertente?

Latuff- Foi o caminho natural de alguém que nunca lidou muito bem com a autoridade, seja em casa ou fora dela. Da rebeldia juvenil até a indignação adulta, passei a perceber que a charge poderia cumprir um papel importante como denúncia e apoio às lutas sociais e políticas.


Perspectiva- A Palestina é um dos ou o principal tema apresentado em seus trabalhos. Qual a sua relação com eles para que haja esta identificação?

Latuff- Uma viagem que fiz aos territórios ocupados no final de 1998, a convite da ONG Palestinian Center for Peace and Democracy, me colocou a par de como o povo palestino vive sob Reich israelense. Impossível não abraçar a causa depois de conhecer gente comum vítima cotidiana da violência de colonos e soldados israelenses. Como foi o caso do senhor Adris, que guardava em sua carteira os dentes que lhe foram quebrados a golpe de coronha de fuzil, e cuja filha tinha cicatrizes de queimaduras pelo corpo, resultado do ataque de colonos judeus que atiraram coquetéis molotov pela janela de sua casa. Mais do que uma questão humanitária, eu tenho verdadeiro amor pelos palestinos.



Perspectiva- Você já teve problemas com a polícia após criticar a violência policial e foi supervisionado até pelo Pentágono. Você costuma receber represálias?

Latuff- Represálias não são tão comuns, mas por três vezes na vida tive de comparecer a delegacias por fazer desenhos sobre a violência e corrupção policiais no Rio de Janeiro. A polícia é assunto tabu no Brasil. Você pode ser morto por denunciá-la. Meus sites são visitados constantemente por organismos de segurança pelo mundo, por conta de meu apoio público aos palestinos e iraquianos.


Perspectiva- Acha que a arte é uma ferramenta para uma transformação social? Sua arte tem este objetivo de mudança?

Latuff- Penso que a arte pode converter horas de discurso político numa única imagem. É a maneira mais rápida de atingir consciências. Espero que
meu trabalho seja útil para as pessoas como a munição é para o guerrilheiro.


Perspectiva- Com o novo governo dos EUA você acha que terá alguma mudança positiva em relação ao Oriente Médio?

Latuff- Acho que a melhor resposta pra isso é a charge ao lado.


Perspectiva - Acredita que a criação de dois Estados é a melhor solução para o conflito Israel X Palestina?

Latuff - Não creio que Israel deseje qualquer solução. O governo israelense ganha mais com o sofrimento dos palestinos. Enquanto houver território ocupado, haverá o conceito de inimigo externo que justifica os bilhões de dólares que Washington envia para o regime de Tel-Aviv todos os anos. A solução virá, certamente, mas não será por obra e graça dos israelenses. Israel tem as armas, mas os palestinos tem o tempo.

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Conheça as diferenças entre as roupas das mulheres nos países árabes


A vestimenta varia de acordo com o país
Por: Luma Jatobá

O hijab - é um véu usado por mulheres religiosas, seguidoras do islamismo na maioria dos países árabes, um sinal de respeito e recato para as mulheres. Ele cobre o cabelo e o pescoço.

Shayla - lenço que cobre a cabeça e os ombros. É usado nos países do Golfo Pérsico.

Chador é uma veste feminina de cor preta que cobre o corpo todo com a exceção do rosto. É utilizado pelas mulheres muçulmanas em países islâmicos em que o governo é teocrático como o Irã e a Arábia Saudita.

Niqab – Comum no Iêmen, deixa apenas os olhos visíveis.

A burka é uma versão radical do niqab, trata-se de uma veste feminina que cobre todo o corpo, até o rosto e os olhos. É usada pelas mulheres do Afeganistão

A mulher muçulmana: mitos e verdades sobre o véu


Por: Evelin Pontes

Será que a mulher muçulmana é realmente oprimida e submissa como pensam a maioria das pessoas que não conhecem o islamismo? Por que o uso do véu choca tanto? Segundo o Alcorão, a Bíblia dos muçulmanos, as mulheres devem se vestir de forma a não atrair a atenção dos homens. Por isso não é permitido o uso de roupas justas, semi-transparentes ou que delineiem o corpo, restando a elas a opção de mostrar apenas o rosto e as mãos.

A brasileira e muçulmana, Rania Sleiman, 23 anos, casada há um ano e estudante de medicina da Universidade Nove de Julho, acredita que o Islamismo desde o seu surgimento sempre valorizou a mulher. Essa afirmação causa espanto para muitas pessoas que não conhecem o mundo muçulmano, sua cultura, religião e civilização. Ela continua dizendo que tem todo respeito por ser mãe e tem direito de estudar e trabalhar, contanto que o ambiente seja seguro e não comprometa a sua imagem.

Rania conta que não houve dificuldade de adaptação na Universidade, mas que é normal as pessoas olharem por causa do véu, que é incomum no país. O lenço a deixa protegida, pois segundo sua religião, a beleza da mulher não foi feita para ser cobiçada por outros homens, deve ser mostrada apenas para a família.

A psicóloga e especialista em religião Márcia Zaia ressalta que existe uma discussão muito grande em cima da obrigação de usar ou não o véu. Essa discussão acontece dentro e fora das comunidades muçulmanas. "Existem inúmeros grupos com interpretações bastante variadas sobre as passagens do Alcorão que se referem a esta prática. Muitas mulheres usam simplesmente por ser tradição no seu ambiente; outras o adotam por não lhes ser concedida escolha devido à pressão social e familiar ou do Estado. Mas não são poucas as que adotam por iniciativa própria, sobretudo mulheres religiosas, ou seja, pessoas que são norteadas por uma visão de mundo no qual a religião desempenha um papel central".

Contudo ela ainda afirma que depende do contexto onde vivem, no Brasil seu uso é incentivado, mais não é obrigatório. Países como Egito e Líbano as mulheres também não são obrigadas mas a maioria usa por ser um adereço importante e requintado. Na Turquia, o uso é proibido em muitos lugares, o que fez o movimento feminista lutar agora pelo direito de usá-lo. Apenas em regimes teocráticos, em que o Estado se baseia nas leis religiosas, é que existe uma pressão maior com relação ao modo de se vestir.

Segundo Márcia, atualmente é pela imigração que a religião se estende por outros países e está conquistando cada vez mais adeptos no mundo, a maioria dos “novos” muçulmanos não falam árabe, fundamental para manter as origens e tradições do Islã.

* Foto: Huda Altamini refugiada palestina, a entrevistada Rania não quis ser fotografada

domingo, 21 de fevereiro de 2010

Sorvete, educação e solidariedade


Escola para crianças no Oriente Médio recebe ajuda brasileira
Por: Juliane Almeida

O simples ato de se refrescar com a compra de um sorvete é sinônimo de solidariedade. Pelo menos para a Pastoral Universitária do Centro Universitário da FEI (Fundação Educacional Inaciana), que encontrou nas vendas de sorvete uma forma de arrecadar dinheiro para ajudar na construção de uma escola no Oriente Médio.

A campanha da Pastoral junto com 10 mil voluntários em todo mundo fazem parte de uma ação mundial coordenada pela Associazone di Voluntari per Servizio Internazionale (AVSI), uma organização não governamental da Itália que anualmente escolhe quatro projetos em todo o mundo para receberem o dinheiro arrecadado.

Neste ano, um dos projetos escolhidos foi a construção de uma escola para crianças judias e árabes de Jerusalém e Belém. De acordo com o site da AVSI, os alunos desta escola no Oriente Médio encontram sérias dificuldades em se manterem na instituição devido aos constantes conflitos existentes na região que deixam famílias sem renda. Na instituição, chamada Terra Santa, convivem desde católicos ortodoxos até protestantes e muçulmanos.

A Pastoral da FEI procurava uma forma de arrecadação e a idéia de vender sorvete veio de uma aluna, há sete anos é um evento aguardado e tradicional na Universidade.
No meio do Campus, uma sala simula o ambiente de uma sorveteria e qualquer pessoa pode participar da campanha se disponibilizando para trabalhar.
Este ano, a expectativa foi superada: eles conseguiram arrecadar R$ 6.000 vendendo sorvete a R$ 2,00 cada, porém como eles não contam com a ajuda de fornecedores e investem na compra por atacado, obtiveram um lucro de R$ 3.000.

Todo o dinheiro arrecadado vai para um escritório nacional da AVSI em Belo Horizonte para em seguida ser enviado para a sede na Itália e o total da arrecadação das instituições voluntárias é distribuído entre os projetos sociais.
Além da escola no Oriente Médio, a organização italiana também ajudará um Hospital no Paraguai, especializado em pacientes terminais, a construção de um Centro Educativo para professores e estudantes de Uganda e uma escola para meninos na Índia.

Para a coordenadora do projeto, a professora Marli Pirozelli do Departamento de Ciências Sociais, esta ação não significa somente a arrecadação monetária e sim a inclusão dos alunos e professores em uma realidade fora do mundo acadêmico como proposta sócio-educativa.
“Nós aceitamos todos aqueles que queiram participar. Este ano nós tivemos 26 alunos trabalhando dois dias diretos, se revezando. Eles se envolvem, entram em uma escala de trabalho e participam. É um trabalho gratuito e não tem nenhuma conotação de estágio, atividade acadêmica ou extensão” relata Marli.