
A igreja católica é conhecida por suas polêmicas em questões relacionadas a sexualidade como: uso de métodos contraceptivos, relações homoafetivas e aborto. Fomos conversar com um grupo feminista pertencente a igreja, o Católicas pelo Direito de Decidir para saber mais sobre esta posição a favor da descriminalização do aborto.
Por: Luma Jatobá
Vez & Voz- Como surgiu o movimento católicas pelo direito de decidir no Brasil e desde quando vocês são a favor da descriminalização do aborto?
Regina- Aqui no Brasil foi em 8 de março de 1993, já existia em outros países. Hoje o Católicas está presente em 10 países da América Latina e a idéia da descriminalização do aborto nasce com o próprio grupo. O nome "Católicas pelo direito de decidir" já pretende dizer que as mulheres dentro da igreja e na sociedade tem o direito de decidir de ter autonomia sobre o próprio corpo. Então este foco da autonomia das mulheres é central, a proposta de descriminalizar é para que o aborto para de ser visto como um caso de polícia mas que seja tratado como uma questão de saúde pública.
Vv- Sendo um movimento feminista dentro da igreja católica vocês percebem um certo conservadorismo para falar sobre o assunto ou até por vocês já terem uma opinião definida que vai contra a do Papa , como é esta relação?
Regina- Tem muita gente dentro da Igreja católica que está um pouco ou muito cansada dessa visão condenatória com relação a sexualidade (padres, religiosos, freiras, bispos), que não se sentem a vontade com esta posição da igreja. Um exemplo é a questão da camisinha. Essas pessoas se sentem mais confortáveis quando ouvem uma opinião como a nossa. O que existe dentro da igreja é de um lado uma doutrina enrijecida , engessada que não quer dialogar com os problemas da vida real, eu sempre digo assim " a hierarquia da igreja está dando respostas para perguntas que não estão sendo feitas" e não está encarando os problemas verdadeiros que tem hoje, e de outro lado, tem um setor que é determinado por grupos religiosos fundamentalistas: Pró-vida, Arautos do evangelho, Opus Dei muito vinculados ao Papa, são estes grupos que dentro da igreja fazem essa oposição ao que a gente pensa e que não aceita. Da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil formalmente a gente vai ver que há uma posição contrária a nossa mas eu conheço bispos e padres que no espaço publico vão ter uma fala mais contrária e no espaço privado vão perceber que é uma questão de bom senso. Não adianta ficar defendendo algo que nem é dogma, por que a condenação ao aborto é uma questão disciplinar dentro da igreja, mas que sentem receio de uma punição por parte da hierarquia, isso é o que a gente percebe.
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