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segunda-feira, 20 de abril de 2009

Sábado da Resistência leva torturados, historiadores e jornalistas ao antigo prédio do DOPS

Por: Luma Jatobá

Numa avalanche de tropeços e desculpas o jornal Folha de São Paulo trouxe à tona a discussão sobre a "ditabranda", neste gancho aconteceu a palestra-debate no Memorial da Resistência, estação Pinacoteca, Largo General Osório, 66 – Luz, no último sábado 18 de abril. Com a participação de Rodrigo Vianna, jornalista e editor do site O Escrivinhador, Beatriz Kushnir, historiadora e autora do livro Os Cães de Guarda, que tem como foco central o papel do Grupo Folha durante a ditadura e sua colaboração com a repressão política, principalmente com o DOI/CODI-SP e o mediador Alípio Freire, jornalista, ex-preso político e membro do Núcleo de Preservação da Memória Política.


Estavam presentes no evento diversos ex-presos políticos como: Clara charf, guerrilheira e viúva de Carlos Marighela, Paulo Cannabrava, Ivan Seixas, Celso Lungaretti entre outros. A principal questão discutida foi a participação dos jornalistas e das empresas na ditadura, seu apoio e a auto-censura.


Depoimentos- denúncia
Rose Nogueira, jornalista, foi presa no período do regime militar enquanto ainda trabalhava na Folha da Tarde e mostrou documentos em que constavam seu "suposto" abandono de emprego, o que para ela foi uma surpresa desagradável já que o mesmo jornal anunciou sua prisão como terrorista.

O depoimento mais comovente foi de Chicão, que contou ser preso numa perua do grupo Folha e levado para a então Operação Bandeirantes, OBAN, história similar porém mais triste foi a de Ivan Seixas, que além de ser preso aos 16 anos com o pai e transportado pelo mesmo veículo, viu em um dos "passeios" o jornal do outro dia já impresso com a foto de seu pai anunciando sua morte mas ao voltar à tortura pôde ver que ele ainda estva vivo e viria a falecer somente no dia seguinte, assim como a nota que leu.

Mal-estar
Celso Lungaretti, ao pedir a palavra e falar sobre os arrependidos contando em quais circunstâncias foi "obrigado" a confessar arrependimento em rede nacional, gerou certo mal-estar em alguns ex-guerrilheiros, que começaram a reclamar por ele exceder o tempo, que era de 10 minutos para cada um inscrito, até ele encerrar a fala largando o microfone e deixando o local. Ele é jornalista e autor do livro/ auto-biográfico "Náufrago da utopia", e do blog homônimo.

Foto: Augusto Cunha

Um comentário:

celsolungaretti disse...

Só hoje a busca do Google me trouxe até aqui.

Esclareço que tomei a palavra para responder a uma insinuação da Beatriz Kushnir, que, de forma confusa, falou sobre arrependidos que haviam trabalhado na "Folha da Tarde" e constatou minha presença na platéia, como se uma coisa tivesse algo a ver com a outra.

Como nunca trabalhei na FT e, pelo contrário, tive minha carreira jornalística extremamente prejudicada pela exposição negativa a que fui (hoje reconhecidamente) coagido pela II Seção do Exército, deixar algo assim no ar era inaceitável.

ENTÃO, O JUSTO ERA QUE, ESCLARECIDO ESTE PONTO, QUE SE TRATAVA DE DIREITO DE RESPOSTA, ME CONCEDESSEM 10 MINUTOS PARA A INTERVENÇÃO "NORMAL".

A intransigência da mesa realmente me irritou, porque havia ido lá com o único propósito de pedir apoio para a causa do Cesare Battisti -- e acabei não o podendo fazer.

Daí minha retirada imediata do local.

Abs.

CELSO LUNGARETTI